Saúde mental e endividamento estão intimamente ligados. Segundo pesquisa divulgada pela Agência Brasil, mais de 63 milhões de brasileiros estão com a saúde mental afetada devido às dívidas.
Cerca de 83% dos entrevistados relataram sofrer de insônia, e 78% são afetados por pensamentos negativos. Ao todo, foram ouvidas mais de 5 mil e duzentas pessoas. E o “cenário psicológico” foi classificado como “preocupante”, já que a situação de inadimplência “estimula problemas emocionais” e prejudica as “relações pessoais e familiares”.
Neste mês de Setembro Amarelo, nós convidamos uma psicóloga para explicar de que forma a saúde mental é impactada pelas finanças e o que fazer para melhorar essa situação.
Se você conhece alguém que está passando por isso, ou ainda, você está exatamente neste cenário de endividamento, saiba que você não está sozinho! E que existem maneiras de contornar e também resolver essa questão.
Francieli Oliveira, psicóloga clínica e organizacional (CRP 08/35038), explica que chegar ao ponto de endividamento geralmente não é uma escolha:
“No geral, são muitos fatores que levam ao endividamento, como o desemprego, questões de emergência envolvendo saúde e até mesmo os golpes. Por exemplo, você está com dinheiro reservado para uma conta, mas surge um problema de saúde com você ou alguém da sua família, automaticamente você precisa direcionar esse dinheiro e lidar com essa nova situação, e isso gera um desgaste emocional”, aponta a psicóloga.
Infelizmente, casos de golpes financeiros têm se tornado cada vez mais comuns. Segundo o relatório do Anuário da Segurança Pública, em 2024 o número de golpes virtuais chegou a quase 2 milhões de casos; houve um aumento de 8,2% em relação ao ano passado.
É o caso da enfermeira Alina de Freitas, de 29 anos, que passou por períodos de estresse, ansiedade, dores de cabeça e até insônia por causa do endividamento. Ela afirma que, além de ter acumulado dívidas no cartão de crédito, ainda foi vítima de um golpe envolvendo boletos falsos enviados em seu e-mail.
“Sofri golpe do boleto de financiamento de veículo, no qual recebi o boleto por e-mail, e durante 4 meses paguei parcelas falsas”, relata.
Alina diz que só descobriu que os boletos eram falsos, porque no quarto mês entraram em contato com ela via WhatsApp de forma grosseira e informal. “Vou ficar endividada uns 2 anos por conta do golpe”, lamenta.
Ela conta que por causa do endividamento deixou de fazer as atividades que gostava e de sair com amigos:
“O estresse devido às dívidas causou o afastamento das pessoas do meu convívio, e impactou também nos momentos de lazer que não são possíveis devido à falta de dinheiro”, relata a enfermeira.
Quem está endividado pode apresentar sintomas de ansiedade e depressão. Francieli explica que é comum a pessoa apresentar perda ou aumento de apetite, também é notável alteração de humor e mudanças de comportamento. Além disso, os sentimentos de culpa e vergonha são fortes.
“O sentimento de culpa e vergonha é muito grande. Principalmente num contexto de golpe. A pessoa se culpa muito por ter passado por essa situação: como eu fui passar por isso?; como eu não percebi?”, pontua a psicóloga.
Mas é preciso sair da culpabilização, entendendo que existe todo um sistema econômico por trás do endividamento e que vai além do controle individual. Neste sentido, procurar ajuda psicológica e rede de apoio entre familiares e amigos são fundamentais.
“É importante conversar, e, principalmente, escutar essa pessoa. Além disso, é evitar aquelas frases clichês: ‘ah, tudo vai se resolver’; ‘tudo vai ficar bem’; porque aí a gente está diminuindo a dor e o sofrimento daquela pessoa”, explica Francieli.
A psicóloga ainda reforça que ouvir não é trazer uma solução para essa pessoa: “Às vezes, a pessoa precisa de uma rede de apoio no sentido de ouvir a dor dela. Não necessariamente você vai dar uma solução, mas sim ser um ponto de apoio”, afirma.
Sabemos que quando uma pessoa está endividada, até mesmo procurar ajuda psicológica pode ser difícil, já que implica em ter que arcar com os custos de uma terapia. Francieli diz que existem alternativas mais acessíveis, como programas de assistência psicológica gratuitas em universidades, além de terapias com valores sociais.
“Tem psicólogos que dedicam um ou dois horários na semana com valores mais acessíveis. E a rede de apoio também pode ajudar neste sentido, tanto de forma financeira, quanto ajudando a procurar opções de assistência médica e psicológica que caibam no orçamento da pessoa”, diz.
Outro ponto importante é procurar pessoas que estão passando pela mesma situação. Existem grupos que se reúnem para falar sobre o problema e se apoiar.
“Quando você conversa com uma pessoa que está passando pela mesma situação que você, essa pessoa tem uma escuta diferente. Trocar experiências pode trazer novos olhares para lidar com a situação. Saber o que uma pessoa fez para lidar com o problema, pode te ajudar a encontrar maneiras de você resolver a sua questão”, afirma Francieli.
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Francieli explica que a terapia pode ajudar no autoconhecimento e a entender o comportamento em relação ao dinheiro.
“Às vezes, a pessoa tem problemas com compulsão por compras e acaba gastando mais do que pode pagar. A partir do momento que só me realizo comprando, mesmo que não tenha necessidade daquele item, é necessário ligar o sinal de alerta e investigar o que de fato estou tentando satisfazer”, diz.
Ela ainda afirma que a compulsão pode estar relacionada a outros problemas de saúde mental: “Pode ser uma forma de fugir de algum problema que a pessoa ainda não percebeu. A compulsão, no geral, acaba sendo um alívio momentâneo para a dor”, exemplifica.
“O autoconhecimento é importante para entender o porquê você gasta e como gasta. Por que preciso comprar um sapato para me sentir bem? Por que a sua felicidade só vem de ter e comprar coisas? É necessário entender a essência disso e desconstruir esse pensamento de que só é feliz quando compra”, conclui Francieli.
Esperamos que esse conteúdo tenha servido de grande apoio para você ou para algum amigo/familiar seu. E lembre-se, não se esqueça de procurar rede de apoio e ajuda psicológica.
De início, pode parecer que esse problema é tão grande que não vai se resolver. Enquanto seres humanos, tendemos a ficar ansiosos por natureza. É um passo de cada vez, olhando a situação com calma e respeitando o seu tempo e os seus limites.
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